Simples e Funcional


A conhecida “Metáfora do Martelo” versa sobre saber onde usá-lo. Essa é, de fato, uma habilidade esperada dos profissionais mais experimentados. De forma simples, ouso afirmar que ter conhecimento, i.e., apenas saber algo, não é suficiente. É necessário, pois, discenir sobre seu uso. Isto denota ação e requer orientação, sentido, ou ainda direcionamento.

Em uma publicação no seu Blog1, o engenheiro Fatih Arslan2, argumenta que “usar um único arquivo de configuração init.lua ou vimrc para o (Neo)Vim é melhor do que uma abordagem de layout de várias pastas/arquivos”. E prima pelo simples.

Na discussão de fundo, o autor propõe uma comparação entre abordagens ao escrever testes em DAMP (usando frases descritivas e significativas) e no modelo DRY (não se repita). Esse é um tema muito rico e merece um post específico. Agora, não vou entrar nos detalhes dessa discussão mas me concentrar na proposta de simplicidade na configuração do editor de texto - eu uso Vim, mas você pode pensar nesse sentido em relação à ferramenta de sua preferência. Igualmente, não é minha intenção propor algum modelo, ou formato, de arquivo de configuração para editor de texto - eu vou continuar com o vimrc.

Meu propósito é, a partir dessa premissa de simplicidade, resgatar um trecho de uma conversa que mantive com um empresário onde ele me perguntou “para você, qual seria a melhor fórmula do Excel?” A minha resposta, por certo, foi “aquela que resolve o meu problema”.

O MS Excel, ou qualquer similar, é uma ferramenta e saber quando, como e onde fazer o uso é o que diferencia os profissionais.

Sendo mais específico e tomando um exemplo trivial, supondo que eu precise calcular o valor futuro de uma quantia, eu não me preocupo em decorar como usar uma função do MS Excel, ou qualquer outra planilha eletrônica. Neste caso, sei que as variaveis são PV, Taxa (i), o prazo n e preciso obter o FV.

Percebo que há um demasiado foco na ferramenta. Alguns testes e [até mesmo alguns] “especialistas” ocupam-se em saber a ordem do input desses dados na planilha. Na minha visão, quando estiver de frente para a situação real, mais do que saber usar uma função de uma planilha eletrônica, julgo importante saber aplicar corretamente o conhecimento matemático para atingir o objetivo, neste caso, calcular o valor futuro.

Seguindo com a proposição, seja o VP R$ 100,00, a Taxa i de 10% a.a. e o Prazo n igual a 3 anos. Fosse eu usar o LibreOffice precisaria invocar a Função VF, dentro da categoria Financeiras, e inserir:

FV = (Taxa;NPER;VP)

FV = (10/100;3;-100)

Lado outro, na HP12C a “sintaxe” (para ser preciso, a posição sequencial das teclas) é input n i PV e FV para obter o output.

Excetuando calculadoras (e.g.: HP12C), ao invés de decorar sequência e posição de input eu entendo que, independentemente da ferramenta/planilha, para o problema proposto, o melhor a fazer é usar o conceito matemático de função exponencial e montar a equação como:

$$ FV = PV*(1+i)^n $$ $$ FV = 100*(1+0,1)^3 $$

$$ FV = 133,10 $$

É evidente que manter a ferramenta bem afiada é parte importante do arsenal, mas a avaliação do conhecimento, e de forma mais ampla da capacidade profissional, não pode ficar restrita ao uso desse ou daquele instrumento.

Logo, a ideia de manter um único arquivo de configuração para meu editor de texto preferido, sem a complexidade de múltiplas pastas/camadas, permite-me resgatar um arquivo modelo e imediatamente tornar-me produtivo em outra máquina que não seja a minha, denota capacidade de manter a ferramenta pronta para uso.

Adicionalmente, não me prendendo às especificidades de uma ferramenta [e.g.: planilha], ao ter o domínio da fórmula, e do conhecimento que esta resume, posso resolver uma questão que demande sua aplicação, seja usando o navegador como calculadora ou lápis e papel.

Saber o que está envolvido em um problema e como abordá-lo é a síntese do pensamento do Professor Polya3 em sua atualíssima Obra “A Arte de Resolver Problemas”, mas isto será visto em outras notas.